quarta-feira, novembro 17, 2004

Ser professora

Engraçado como, por vezes, as coisas que nos parecem pouco importantes assumem uma importância primordial numa ou noutra fase da nossa vida.
Eu explico o que só para mim é evidente e tendo a noção de que aqueles que lerem isto vão saber do que estou a falar e reconhecerem-se nas minhas "humildes" palavras.
"O que queres ser quando fores grande?" É com esta frase tantas vezes batida que nos projectam o futuro sem pedir licença. Ingénuos, não sabemos o que dizer e vemos os olhos dos familiares brilharem na esperança de uma resposta que lhes apazigue a alma e, quem sabe, o corpo. A mãe olha-nos como que a pedir-nos desculpa, enquanto a tia solteirona (todos temos uma) nos ajeita os cabelos que teimam em permanecer desalinhados e puxa-nos as meias para cima limpando os sapatos brilhantes de graxa e apertados ao pé.
Desejaríamos responder a profissão mais absurda - LADRÃO - mas achamos que a tia terá uma "apoplexia" qual Cesário Verde, por isso dizemos: professora, advogada, médica. Sim!!! Porque isto também tem o seu quê de social.

Hoje sou professora por um acaso ou talvez não! Não trocaria esta profissão por qualquer outra. Tenho momentos bons e outros menos bons (gostaram do eufemismo?). Mas faço o que gosto, independentemente do dinheiro ao fim do mês. Revejo parte da minha vida nos alunos e tento fazer a diferença!!!! Nãop sei se consigo, mas faço por isso.

"O que queres ser quando fores grande?" Não me lembrei de responder apenas - FELIZ - tudo o resto vem por acréscimo.

Beijinhos da professora que adora aquilo que faz. E já agora, pensem na resposta à pergunta!!!!!

1 comentário:

sahara disse...

é bem verdade o que disse, essa pergunta faz os miúdos restringir os seus sonhos àquilo que os pais desejaram para eles.
Sei que tal aconteceu com o meu pai: o meu avô queria tanto que ele tivesse uma profissão decente "advogado, arquitecto, médico" que acabou por convencê-lo a tirar um desses cursos com prestígio (arquitectura), até que o meu pai não aguentou mais e tirou o que realmente queria - educação. E hoje é feliz. Nem é preciso perguntar-lhe, vê-se no brilho dos seus olhos quando fala dos miúdos e das suas dificuldades de aprendizagem, quando lhes tenta resolver os problemas extra-curriculares. O meu avô claro, não compreendeu isso, considerou-o um fraco.
Eu também já tive as minhas profissões desejadas, embora a lista não seja extensa ... Professora, educadora de infância, girou à volta disso: educar. Mas agora já não estou tão certa que esse seja o caminho para a minha felicidade.
Mas quando for grande, é isso mesmo que quero: ser feliz aceitando-me sem vergonha nem rancor; ter uma profissão de que me orgulhe não pelo que ganho, mas pelo que dou/ensino aos outros; ter uma família; ter amigos. E é só. Será pedir demasiado?

beijinhos grandes!
(mais um comment gigante... peço desculpa :P)